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terça-feira, março 30, 2010

SALVEMOS AS PRÓXIMAS GERAÇÕES

Preocupo-me com os futuros pastores. Quase diariamente recebo pedidos de socorro de seminaristas, já confusos antes de iniciarem suas atividades ministeriais. Não conseguem se encaixar nos modelos mais populares de serviço cristão; não sabem quais caminhos trilharão.


O contexto oferece poucas opções ao jovem pastor. Caso pertença a uma grande denominação, pode ambicionar as estruturas do poder. Sabendo manter-se politicamente correto, conquistará estabilidade financeira. Se for de uma denominação pequena, se lançará em uma feira livre religiosa. O mercado religioso é inclemente; nele impera a máxima: ”quem não tem competência não se estabelece”. Sem o amparo de uma grande denominação, terá que fazer sua Igreja acontecer valendo-se do carisma e empreendedorismo pessoal. Lamentavelmente, muitos sucumbem, partindo para a manipulação inescrupulosa dos valores sagrados; outros se concentram em estratégias de marketing, e há os que importam modelos de Igreja bem-sucedidas.


Cabe aos seminários o desafio de nortear futuros pastores. Ofereco algumas recomendações aos docentes que formam novos ministros. Que alguns livros passem a ser obrigatórios.. Quem lê romance capta, mesmo em narrativas fictícias, a imensidão humana. Para se inteirar da cultura brasileira, todo aluno deveria ler ”Os quinze, de Raquel de Queiroz; O fogo morto, de José Lins do Rego. Todos colariam grau apreciando Machado de Assis em seu “Eclesiastes”.

As grades curriculares deveriam incluir poesias. Os seminaristas poderiam esboçar alguns poemas, para não se contentar em apregoar a verdade, mas enaltecê-la com a graça. Um poeta não se satisfaz em ser coerente; quer dar ritmo e formosura à sua fala.. O pastor não deve buscar incutir em suas ovelhas apenas valores morais, intelectuais e espirituais. Ele deve suscitar admiração e espanto diante da majestade divina. Sugiro que os professores omitam os nomes dos grandes poetas. Sem preconceito seus estudantes aprenderiam a gostar de Fernando Pessoa, Carlos Drumond de Andrade, Vinícius de Moraes e outros.


Aconselho o retorno da meditação bíblica, de aulas em que se leriam as escrituras em silêncio, Aulas com o objetivo de inocular nos alunos o amor pela palavra sem terem de tirar verdades práticas para um próximo sermão. Eles descobririam a riqueza de aquietar a alma e ouvir a inaudível bruma com a voz do Espírito Santo. Teríamos preces menos utilitaristas e jejuns sem coagir a soberania de Deus.


Sugiro que os seminaristas – ( e pastores com esse perfil de vitória certa - aqui e agora – grifo do editor) façam estágios em três instituições: Hospital Infantil do Câncer, Associação de Paralisia Cerebral e Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais. A única exigência seria não se envolver com a burocracia; mas manterem-se em todo o tempo em contato com as crianças. Depois os professores pediriam uma monografia sobre cura divina. Há pouco ouvi um pastor prometer que todos seriam curados de suas doenças. Abismei-me com sua incoerência. Provavelmente Ele nunca conviveu com pais dos que lutam com as deficiências citadas.

Outra idéia, é que se exija dos alunos não viverem em ambientes de primeiro mundo, sem antes morarem, pelo menos por dois anos em regiões de extrema pobreza, como comunidade ribeirinha do Amazonas, do Sertão nordestino ou algumas favelas de nossas megalópoles (Rio de Janeiro) Quando alguém se sentir vocacionado para missões transculturais, antes o obrigaria a morar em um país africano, trabalhando em alguma clínica pública para aidéticos ou em um campo de refugiados de guerra. Acredito que essa medida estancaria o enorme fluxo dos que desejam emigrar para países mais abastados alegando uma resposta divina.


O cristianismo não precisa advogar tanto a ortodoxia. O mundo já não interessa pela defesa de verdades, quaisquer que sejam elas.. Existe um fastio quanto a dogmatismos ideológicos ou religiosos. O anseio é por coerência entre o discurso e a prática de vida.


Importa que líderes cristãos encarnem sua própria humanidade. Em um mundo sem ternura, precisam-se de homens solidários. Em um mundo que perdeu o seu valor, necessita-se de pastores que amem a justiça, Jesus nunca almejou fundar uma Igreja liderada por técnicos desprovidos de sensibilidade. Ele jamais vislumbraria seu corpo resumido a auditórios e jamais aceitaria discípulos parecidos com aqueles que conspiraram sua morte.


Os seminários não podem resignar-se e gerar profissionais da religião, mas servos que vivam a fé de maneira íntegra, solidária e justa. Se quisermos salvar a próxima geração de pastores, uma nova reforma precisa acontecer imediatamente. Que se comece pelos seminários.

PR Ricardo Gondim – Igreja Assembléia de Deus Betesda – S.P.

sábado, março 06, 2010

Sobre casamento...

Não é bom que o homem esteja só.
Far-lhe-ei uma companheira
que lhe seja suficiente.
Gênesis 2.18

Venho me perguntando o que faz as pessoas optarem pelo casamento se contam com outras alternativas para a vida a dois. A justificativa mais comum para o casamento é o amor. Mas devemos considerar que amor é uma experiência cuja definição está em xeque não apenas pela quantidade enorme de casais que "já não se amam mais", como também pelo número de pessoas que se amam, mas não conseguem viver juntas.

Talvez por estas duas razões - o amor eterno enquanto dura e o amor incompetente para a convivência - nossa sociedade providenciou uma alternativa para suprir a necessidade afetiva das pessoas: relacionamentos temporários em detrimento do modelo indissolúvel. Mas, mesmo assim, o número de pessoas que optam pelo casamento em sua forma tradicional, do tipo "até que a morte vos separe" cresce a cada dia.

Acredito que existe uma peça do quebra cabeça que pode dar sentido ao quadro. Trata-se da urgente necessidade de desmistificar este conceito de amor que serve de base para a vida a dois. Afinal de contas, o que é o amor conjugal? Para muitas pessoas, o amor conjugal é confundido com a paixão. Paixão é aquela sensação arrebatadora que nos faz girar por algum tempo ao redor de uma pessoa como se ela fosse o centro do universo e a única razão pela qual vale a pena viver. Esta paixão geralmente vem acompanhada de uma atração quase irresistível para o sexo, e não raras vezes se confunde com ela. Assim, palavras como amor, paixão e tesão acabam se fundindo e tornando-se quase sinônimas.

Este conceito de amor justifica afirmações do tipo "sem amor nenhum casamento sobrevive", "sem paixão, nenhum relacionamento vale a pena", "é o sexo apaixonado que dá o tempero para o casamento".

Minha impressão é que todas estas são premissas absolutamente irreais e falsas. Deus justificou a vida entre homem e mulher afirmando que não é bom estar só. Nesse sentido, casamento tem muito pouco a ver com paixão arrebatadora e sexo alucinante. Casamento tem a ver com parceria, amizade, companheirismo, e não com experiências de êxtase. Casamento tem a ver com um lugar para voltar ao final do dia, uma mesa posta para a comunhão, um ombro na tribulação, uma força no dia da adversidade, um encorajamento no caminho das dificuldades, um colo para descansar, um alguém com celebrar a vida, a alegria e as vitórias do dia-a-dia. Casamento tem a ver com a certeza da presença no dia do fracasso, e a mão estendida na noite de fraqueza e necessidade. Casamento tem a ver com ânimo, esperança, estímulo, valorização, dedicação desinteressada, solidariedade, soma de forças para construir um futuro satisfatório. Casamento tem a ver com a certeza de que existe alguém com quem podemos contar apesar de tudo e todos ... a certeza de que, na pior das hipóteses e quaisquer que sejam as peças que a vida possa nos pregar, sempre teremos alguém ao lado.

Nesse sentido, não é certo dizer que sem amor nenhum casamento sobrevive, mas sim que sem casamento nenhum amor sobrevive. Não é certo dizer que sem paixão, nenhum relacionamento vale a pena, mas sim que sem relacionamento nenhuma paixão vale a pena. Não é o sexo apaixonado que dá o tempero para a vida a dois, mas a vida a dois que dá o tempero para o sexo apaixonado. Uma coisa é transar com um corpo, outra é transar com uma pessoa. Quão mais valiosa a pessoa, mais prazeroso e intenso o sexo. Quão menos valorizada a pessoa, mais banal a transa.

Assim, creio que podemos resumir a vida a dois, entre homem e mulher, conforme idealizada por Deus, em três palavras que descrevem um casal bem sucedido...

Um casal bem sucedido é um par de amantes.

Um casal bem sucedido é um par de amigos.

Um casal bem sucedido é um par de aliados.

São três letras A que fornecem a base de uma relação duradoura. Amante se escreve com A. Amigo se escreve com A. Aliado se escreve com A. E não creio ser mera coincidência o fato de que todas as três, amante, amigo e aliado, se escrevem com A... A de AMOR.

© 2008 Ed René Kivitz

http://www.ibab.com.br/artigo-005.html

quarta-feira, março 03, 2010

CRENTES OU EVANGÉLICOS?!


Houve época em que as balconistas que preenchiam nossos formulários perguntavam "religião?" apenas para cumprir formalidade. Nem mesmo esperavam a resposta e já marcavam x em "católica", e ficavam assustadas quando dizíamos "protestante" ou "evangélica", o que geralmente implicava rasurar o formulário preenchido errado. Naquela época os evangélicos eram traço nas pesquisas e censos populacionais. No Brasil, todo mundo era católico. Ou quase todo mundo. Mas havia grande diferença entre minha avó, que rezava o terço, ouvia a Ave Maria religiosamente às seis da tarde, freqüentava a missa dominical e até recebia visita do padre em casa, e os milhões de brasileiros que apareciam na missa apenas em dia de batizado de sobrinho e casamento de amigo. Foi então que surgiram as categorias: católico praticante e católico nominal. A expressão "praticante" faz lembrar Tiago, apóstolo: "sejam praticantes da palavra de Deus e não apenas ouvintes".

O católico praticante era devoto, comprometido e razoavelmente consciente de sua fé. O nominal acreditava em Deus e nosso Senhor Jesus Cristo, mal e mal sabia rezar o Pai Nosso, e na verdade se dizia católico porque o pai, a mãe, os avós e a família toda se dizia católica, mas seu catolicismo não tinha nada a ver com sua maneira de viver. A igreja é contra o aborto? E daí? Contra o controle da natalidade? E daí? Contra o divórcio? E daí? Não era raro encontrar um católico que acreditava em reencarnação e horóscopo e até mesmo alguns que reverenciavam os ídolos afro e respeitavam os pais e mães de santo. No Brasil, o espiritismo, a macumbaria e o catolicismo, sempre andaram de mãos dadas.

Os protestantes, ou crentes, ou "os Bíblia" eram diferentes. Não se misturavam. Achavam que somente eles (ou alguns deles) iam pára o céu. Eram rigorosos em questões morais, pelo menos comportamentais: zelavam pelo sexo apenas no casamento, não fumavam, não bebiam, não dançavam, não jogavam na loteria ou qualquer jogo de azar - baralho nem pensar, não assistiam futebol aos domingos, e tinham aversão às palavras ecumenismo e comunismo.

Pois os tempos mudaram. E mudaram muito. Os protestantes se tornaram evangélicos. E os evangélicos se tornaram cada vez mais parecidos com os católicos, inclusive flertando com o espiritismo e a macumbaria. As igrejas evangélicas estão repletas de evangélicos nominais, que provavelmente jamais ouviram falar em novo nascimento, discipulado, das confissões credais da tradição da cristã.

Para praticar a palavra de Deus é preciso conhecê-la, estudá-la, amá-la. Para praticar a palavra de Deus é preciso amor. Praticar como quem pratica as primeiras obras, no primeiro amor.


Uma igreja pra quem não gosta de igreja?!


Ninguém tira um pedaço de um vestido novo para o coser em vestido velho; do contrário, não somente rasgará o novo, mas também o pedaço do novo não condirá com o velho. E ninguém deita vinho novo em odres velhos; do contrário, o vinho novo romperá os odres e se derramará, e os odres se perderão; mas vinho novo deve ser deitado em odres novos. E ninguém, tendo bebido o velho, quer o novo; porque diz: O velho é bom. (Lucas 5: 36-39)

Desde 1991, quando ouvi Bill Hybels falando de "uma igreja para quem não gosta de igreja", caminho na direção de buscar uma experiência de espiritualidade para além dos limites da mentalidade religiosa. Acredito que este é o sentido da parábola de Jesus: o vinho novo da espiritualidade cristã não cabe dentro do odre velho da religiosidade, que àquela época era basicamente judaica e farisaica e que, a bem da verdade, não mudou muito nestes últimos 2000 anos.

Uma igreja para quem não gosta de igreja deve se livrar dos pesos do tradicionalismo, legalismo e formalismo, identificados pelo Dr. Russell Shedd como alguns dos grandes inimigos da igreja contemporânea. O tradicionalismo, conforme Nicolai Berdiav, cristão ortodoxo russo, é a fé morta dos que ainda vivem, diferente da tradição, a fé viva dos que já morreram. Legalismo, como afirmação da lei acima do ser humano: mais vale fazer o que é certo, ainda que isso sacrifique o homem, como se o homem tivesse sido criado para o sábado e não o sábado para o homem. Formalismo, como expressão de uma devoção automática, mecânica, onde a forma importa mais que o conteúdo, os ritos valem mesmo que praticados sem paixão.

Uma igreja para quem não gosta de igreja deve ser livre de um deus totalitário, opressor, que impõe sua vontade à força, doa a quem doer. Deve se aproximar mais do "Deus servo sofredor", o cordeiro manso e humilde, capaz de manter acesa a chama do pavio que ainda fumega e cuidar de segurar sem quebrar a cana já moída.

Uma igreja para quem não gosta de igreja deve abandonar a postura exclusivista e sectária de dona da verdade, como se Deus fosse sua propriedade e somente os seus iguais fossem íntimos do céu. Deve se abrir ao diálogo, buscar discernir as manifestações da graça de Deus, que transbordam os portões das catedrais.

Uma igreja para quem não gosta de igreja deve se ocupar não em atender aos caprichos de seu público interno, mas em ser relevante, útil e servidora das multidões que vivem no mundo "como ovelhas sem pastor".

Uma igreja para quem não gosta de igreja deve ser "reformada, sempre se reformando", caminhar ancorada na rocha - o Cristo, mas ao sabor do vento - o Espírito. Não deve ter medo de experimentar, arriscar, ousar, tentar. Não deve ter vergonha de errar, voltar atrás, pedir perdão e recomeçar.

Uma igreja para quem não gosta de igreja deve priorizar suas crianças, adolescentes e jovens. Deve adequar sua agenda, diversificar suas atividades, dinamizar sua liturgia, atualizar sua metodologia, ampliar sua tematização, aprender a falar outras línguas, usar múltiplas mídias.

Uma igreja para quem não gosta de igreja deve pensar o amanhã como se fosse hoje. Dar prioridade aos seus filhos e aos filhos dos seus filhos que virão. Deve abrir passagem, ceder espaço, compartilhar poder com as novas gerações.

Uma igreja para quem não gosta de igreja deve amar o vinho mais que o odre, viver embriagada do vinho em detrimento de preocupada e apegada ao odre. Deve abrir mão do controle necessário à manutenção do velho e acolher o Espírito, que é sempre livre para fazer chegar o novo. Cair de joelhos e lá permanecer, apaixonada aos pés de Jesus, o Cristo de Deus, que faz novas todas as coisas.



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