Google-Translate-ChineseGoogle-Translate-Portuguese to FrenchGoogle-Translate-Portuguese to GermanGoogle-Translate-Portuguese to ItalianGoogle-Translate-Portuguese to JapaneseGoogle-Translate-Portuguese to EnglishGoogle-Translate-Portuguese to RussianGoogle-Translate-Portuguese to Spanish

terça-feira, agosto 25, 2009

AS ENTRELINHAS

De vez em quando me sinto como quem toca harpa enquanto a cidade está em chamas. Com a atenção voltada quase exclusivamente para os temas próprios da experiência espiritual e religiosa é fácil perder de vista as intrincadas dimensões do cotidiano: o discurso religioso pode tender perigosamente à abstração, tornando-se atemporal e etéreo, como se já vivêssemos em outro mundo, o céu, tendo deixado a terra entregue à sua própria sorte ou aos urubus.

É verdade que a maldade humana e a bondade divina; a mortalidade e finitude da criatura diante da eternidade do Criador; pecado, culpa, condenação e danação face às possibilidades do perdão, da redenção e da salvação plena; arrependimento, fé, esperança e amor; são mesmo temas que não sofrem o desgaste do tempo e atingem consciências em abrangência universal. Mas não é menos verdadeiro que os fatos do cotidiano estão implicados no que chamamos vida: caso a espiritualidade não afetasse a trama diária, a experiência religiosa seria coisa de anjos e defuntos.

Por esta razão, o exercício constante de quem busca a vida de piedade e devoção religiosa deve, como sugere Henri Nouwen, “ler jornais de forma espiritual”, pois “os jornais servem para nos ajudar a ler os sinais dos tempos e a dar sentido à vida”. Nouwen ensinou que “Jesus não olha para os acontecimentos dos nossos dias apenas como uma série de incidentes e acidentes que pouco têm a ver conosco. Jesus olha para os eventos políticos, econômicos e sociais da nossa vida como sinais que apelam para uma interpretação espiritual”.

Por trás do extraordinário jamaicano Usain Bolt, o homem mais rápido do mundo, se esconde a busca humana de identificação e superação dos limites; na face de Marina Silva se revela a insistência humana em crer na utopia; por entre os corredores do Senado Federal rastejam cobras peçonhantas que se valem da posição de poder para matar, roubar e destruir; o emaranhado de empresas fantasmas ligadas à Igreja Universal do Reino de Deus sugere a inescrupulosidade dos que fazem do sofrimento humano uma fonte de lucro e transformam a esperança em mercadoria, tudo em nome de Deus – não tomarás o nome do Senhor teu Deus em vão.

Não foi sem razão que Karl Barth, teólogo protestante, disse que o cristão deve carregar em uma das mãos a Bíblia e na outra o jornal. Foi assim que, em meio à barbárie do nazismo, conseguiu “discernir os tempos” e atuar como principal redator da Declaração Teológica de Barmen, que estabeleceu critérios para as relações dos cristãos ameaçados por um Estado totalitário e da ideologia do nacional-socialismo. A Bíblia aponta o norte, o jornal aponta o chão. A Bíblia nos ajuda a enxergar o céu, o jornal nos livra de andarmos com a cabeça nas nuvens. A Bíblia é a resposta de Deus, o jornal, a pergunta dos homens.

Lendo o jornal com a Bíblia nas mãos conseguimos interpretar de modo espiritual o que está por trás da teia da vida e discernir o sentido mais profundo da história, que Nouwen compreende ser “um convite constante a voltarmos o coração para Deus”.

2009 Ed René Kivitz

sábado, agosto 22, 2009

Pensamentos ousados geram realidades novas - Neemias 1


Estava na aula de T.G.E. (Teoria Geral do Estado) nesta semana, quando estávamos debatendo sobre as grandes reviravoltas mundiais. Citava-se o fato de que as grandes Revoluções Mundiais iniciou-se através de pensamentos diferentes de homens simples, que não apenas ficaram parados em seus sonhos e ideais, mas colocaram em prática, ainda que fossem adversos da maioria.
Daí me lembrou de Neemias. Um homem simples, humilde, que havia perdido sua casa, seus amigos, sua terra... Mas que não ficou apenas prostrado, com seus sonhos e desejos, mas que resolveu dar o primeiro passo. Tentar mudar a realidade. Fazer algo de diferente para que pudesse dar uma contribuição, ainda que pequena, para que a realidade da sua cidade e de seu povo fosse transformada.
Note ao ler o primeiro capítulo que Neemias não tinha porque tentar mudar nada, visto que estava bem de vida relativamente. Servia ao rei, tinha proteção, era bem visto aos olhos do seu senhor, estava bem acomodado. Mas ele ousou.

Neemias ousou sonhar. Ele:

1 – Orou ao Senhor:
Não basta apenas sonhar, mas é preciso que Deus seja aquele que compartilha de nossos sonhos. Neemias quis mudar uma realidade, ou pelo menos contribuir para que isso acontecesse. Mas antes de tudo ele buscou a Deus. Quando buscamos a Deus pelos nossos sonhos tudo fica mais fácil. Ele abre as portas, derruba as muralhas e nos ajuda a conquistar nossos sonhos, mudar a realidade. A Bíblia diz: “Se o Senhor não edificar a cidade, em vão trabalham os que a edificam...”.

2 – Traçou metas para a conquista ou realização dos seus sonhos:
Note no versículo 11 do cap. 1 que ele ora e ao mesmo tempo já tinha em sua mente estratégias traçadas. Certamente ele já tinha prévio plano traçado, quando pede a Deus que, se fosse de Sua vontade, desse vitória. Neemias era um homem ousado, que não ficou parado, mas entendeu que, abaixo de Deus, o restante dependeria de suas atitudes. Ele partiu para colocar seus pensamentos em prática.


3 – Não caiu diante das adversidades do projeto:
Muitas vezes é mais fácil sair do que continuar com o projeto para mudança de realidade ou realização do sonho. Mesmo diante de Sambalate e Tobias, e de tantos outros adversários que se levantavam Neemias não apenas manteve-se firme, mas incentivava seus cooperadores para que estivessem prontos para os inimigos e não esmorecessem. Eles estavam preparados para os inimigos e sabiam que mudar a realidade requereria lutar contra adversários constantes (4:23). Não se iluda: Pensamentos ousados incomodam. Trazem conflitos e criam adversários. Mas quando o sonho é verdadeiro, quando a causa é nobre, deve-se lutar empenhar-se para efetivação do sonho. Jesus é o grande exemplo de ousar mesmo em meio a tantos inimigos.

Conclusão:
Não consigo ver as revoluções históricas do passado efetivadas sem que houvesse quem ousasse. O próprio Deus ousou quando envio o Seu Filho pra morrer por nós, mesmo sem a certeza de um retorno total da humanidade.
Mas quando sonhamos, quando queremos mudar realidades, temos que pagar o preço. Botar a cara pra bater. Neemias pode ver o seu sonho concretizar-se, mas não sem pagar um alto preço.
Sonhe. Ouse. Faça acontecer. Mas peça a Deus que o oriente para que tudo que você faça seja acima de tudo, da vontade Dele.

segunda-feira, agosto 10, 2009

ESPIRITUALIDADE NO MUNDO DO TRABALHO

A palavra espiritualidade suscita diversas imagens. Para a maioria das pessoas, entretanto, sugere a contemplação, num ambiente calmo, sereno e tranquilo. Dificilmente a palavra espiritualidade evoca a agitação da vida diária, o barulho de uma fábrica, a inquietação de uma equipe de alta performance, a tensão de um corredor de hospital, o movimento irrequieto dos adolescentes em uma sala de aula, a lotação de um trem do metrô no final da tarde, o plenário de uma câmara de vereadores, a gritaria de uma feira ou a graxa de uma oficina mecânica. No imaginário popular, certamente a espiritualidade é uma coisa própria dos templos com suas liturgias, dos adeptos de um culto ou praticantes de uma fé e especialmente dos clérigos e sacerdotes religiosos. Não é sem razão que esse abismo entre as coisas de Deus e as coisas do mundo está presente no (in)consciente das pessoas. Um dos maiores clássicos da espiritualidade cristã data do século XV, a saber A imitação de Cristo, de Thomas a Kempis. Motivado por sua sincera piedade, Kempis escreveu coisas como: “Esta é a maior sabedoria: o desprezo do mundo para se aproximar do reino dos céus”; “É realmente uma agonia ter de viver na terra”; e ainda: “Toda vez que caminho entre os homens, volto menos homem”. Palavras piedosas de outrora, que hoje não fazem mais sentido. Ficou no passado o tempo em que a conotação da palavra espiritualidade implicava o absoluto antagonismo entre céu e terra; sagrado e profano; espiritual e secular. Por outro lado, não podemos esquecer que a tradição cristã também enfatiza a espiritualidade fincada no solo da vida diária. Teresa de Lisieux falava do “pequeno caminho” da espiritualidade no cotidiano; Inácio de Loyola, Francisco de Assis, Madre Tereza e muitos outros enxergavam Deus na face das pessoas no dia-a-dia. Benedito, fundador do monasticismo, tinha por lema “orar e trabalhar”. Martinho Lutero falava do sacerdócio de todos os cristãos e os reformadores colocavam o trabalho no centro das vocações cristãs. Martin Luther King Jr e Desmond Tutu basearam em sua fé todo o compromisso e engajamento na luta pela dignidade humana. A verdade é que “convidado ou não, Deus está presente”, como escreveu Carl G. Jung sobre a porta de seu consultório. Teilhard de Chardin escreveu: “[Deus] está, em certo sentido, na ponta de minha pena, de meu pincel, de minha agulha – e em meu coração, em meu pensamento. A conclusão do traço, da linha, do ponto de costura em que estou trabalhando é que me fará entrar em contato com a meta final a que tende minha vontade em seus níveis mais profundos”. Essas e outras convicções justificam o fato de que iniciamos amanhã, no Segunda Opinião: Fórum de Reflexão Bíblica e Teológica da Ibab, o estudo do tema “espiritualidade no mundo do trabalho”. Cremos que, se de fato, a palavra espiritualidade nos remete às possibilidades da experiência e do relacionamento com o Deus de quem não podemos nos evadir, pois, como afirmou o apóstolo Paulo aos atenienses: “nEle vivemos, nos movemos e existimos”, então é verdade também que todas as áreas e dimensões da vida estão relacionadas a Deus, e Deus está intrincado com tudo quanto existe e acontece. Queremos viver, portanto, a máxima que dá sentido à vida qualificada como cristã: “seja comer, seja beber, ou qualquer outra coisas a fazer, que tudo seja feito para a glória de Deus”.


2009 Ed René Kivitz

sexta-feira, agosto 07, 2009

PAIS HERÓIS.

Existem hoje em nosso calendário inúmeras datas comemorativas, aliás, acho que o Brasil é o país que possui a maior quantidade de feriados e recessos. O dia dos Pais, assim como o dia das mães e tantas outras datas especiais acabaram por ser tornar datas estritamente comerciais.
É importante ressaltar a figura paterna e sua importância não só em uma data específica (bem como a materna), mas reverenciá-la e respeita-la continuamente.
Fico olhando para as personagens da Bíblia e me deparo com inúmeros exemplos de pais que fizeram diferença na sua casa, na sua família e consequentemente, na vida da sua sociedade.

1º - Jó – Um pai zeloso e intercessor: O texto no livro de Jó afirma que ele constantemente buscava a presença do Senhor, era um homem extremamente temente a Deus. Mas o fator mais ressaltante dentro do tema que abordamos é sua preocupação em interceder a Deus com constância em favor dos seus filhos. “Talvez os meus filhos, lá no íntimo, tenham pecado e amaldiçoado a Deus” (Jó 1:5c). Jó tinha em si o espírito de sacerdote da sua casa. Ele sabia que, como pai, era seu dever interceder pelos seus.

2º - José – Amor acima de tudo: Mesmo ainda não sendo marido de Maria, ele é surpreendido quando a mesma o aborda dizendo que recebeu a visita de um anjo, o qual falou que o ventre dela geraria um neném, o qual deveria se chamar Jesus. Imagine agora qual a reação desse homem, que, vê seu nome e sua honra colocada em risco por esta “suposta” visão. Ainda sim, ele resolve não fugir e abraçar a Jesus como seu filho. “Disse o anjo: Não tema em receber Maria como sua esposa...” (Mt. 1:20b). Em outras palavras, José adotou Jesus. Deu a ele todo amor, carinho, afeto, mesmo sabendo que a sua gestação havia ocorrido por obra e graça do Espírito Santo. Acima de tudo, José amou a Jesus.

3º - Abraão – Um pai provado e aprovado: “Toma teu filho, teu único filho... e sacrifique-o ali como holocausto...” (Gen. 22:2). Sara não podia ter filhos. Isaque é fruto de uma promessa de Deus a Abraão e Sara, quando os dois já se encontravam em idade avançada. Agora aquele pai, que passou sua vida toda desejando esse filho é abordado por Deus, o mesmo Deus que o deu, para que ofereça o seu filho em sacrifício. Já imaginou qual seria a sua atitude no lugar de Abraão, no lugar daquele pai? O que você faria?
No final de tudo Deus prova o amor de Abraão para com Ele, e Isaque é poupado. Mas apesar da dor, do sofrimento, da angústia, Abraão foi obediente à voz de Deus. Até o fim.

Conclusão
A Bíblia nos traz exemplos de homens que eram pais como você, mas que acima de tudo eram Servos de Deus. O pai cristão deve em primeiro lugar ter Deus como o Senhor da sua vida. Deve antes de ser pai, ser filho obediente do Pai das Luzes. Deus tem ricas bênçãos para a família daquele que entende que ser pai é um sacerdócio que precisa constantemente da orientação e ajuda daquele que entregou seu Filho, seu único Filho, em favor da humanidade.

Pr. Marcelo Matias.
http://prmarcello.blogspot.com

ShareThis